quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sofrimento na África: até quando?

Amanda Gurgel recusou o prêmio oferecido pelo PNBE

A professora do Rio Grande do Norte, Amanda Gurgel, que ficou publicamente conhecida após denunciar no Youtube a precariedade da Educação Publica no país, recusou o prêmio oferecido pelo PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais). Em seu Blog Amanda informa porque não aceitou o prêmio:
"Porque não aceitei o prêmio do PNBE
…Nesta segunda, o Pensamento Nacional de Bases Empresariais (PNBE) vai entregar o prêmio “Brasileiros de Valor 2011″. O júri me escolheu, mas, depois de analisar um pouco, decidi recusar o prêmio.
Mandei essa carta aí embaixo para a organização, agradecendo e expondo os motivos pelos quais não iria receber a premiação. Minha luta é outra.
Espero que a carta sirva para debatermos a privatização do ensino e o papel de organizações e campanhas que se dizem `amigas da escola´”.
Amanda
Carta da Amanda Gurgel com os motivos
“Natal, 02 de julho de 2011
Prezado júri do 19º Prêmio PNBE,
Recebi comunicado notificando que este júri decidiu conferir-me o prêmio de 2011 na categoria Educador de Valor, “pela relevante posição a favor da dignidade humana e o amor a educação”.
A premiação é importante reconhecimento do movimento reivindicativo dos professores, de seu papel central no processo educativo e na vida de nosso país. A dramática situação na qual se encontra hoje a escola brasileira tem acarretado uma inédita desvalorização do trabalho docente.
Os salários aviltantes, as péssimas condições de trabalho, as absurdas exigências por parte das secretarias e do Ministério da Educação fazem com que seja cada vez maior o número de professores talentosos que após um curto e angustiante período de exercício da docência exonera-se em busca de melhores condições de vida e trabalho.
Embora exista desde 1994 esta é a primeira vez que esse prêmio é destinado a uma professora comprometida com o movimento reivindicativo de sua categoria. Evidenciando suas prioridades, esse mesmo prêmio foi antes de mim destinado à Fundação Bradesco, à Fundação Victor Civita (editora Abril), ao Canal Futura (mantido pela Rede Globo) e a empresários da educação.
Em categorias diferentes também foram agraciadas com ele corporações como Banco Itaú, Embraer, Natura Cosméticos, McDonald’s, Brasil Telecon e Casas Bahia, bem como a políticos tradicionais como Fernando Henrique Cardoso, Pedro Simon, Gabriel Chalita e Marina Silva.
A minha luta é muito diferente dessas instituições, empresas e personalidades. Minha luta é igual a de milhares de professores da rede pública. É um combate pelo ensino público, gratuito e de qualidade, pela valorização do trabalho docente e para que 10% do Produto Interno Bruto seja destinado imediatamente para a educação. Os pressupostos dessa luta são diametralmente diferentes daqueles que norteiam o PNBE. Entidade empresarial fundada no final da década de 1980, esta manteve sempre seu compromisso com a economia de mercado.
Assim como o movimento dos professores sou contrária à mercantilização do ensino e ao modelo empreendedorista defendido pelo PNBE. A educação não é uma mercadoria, mas um direito inalienável de todo ser humano.
Ela não é uma atividade que possa ser gerenciada por meio de um modelo empresarial, mas um bem público que deve ser administrado de modo eficiente e sem perder de vista sua finalidade.
Oponho-me à privatização da educação, às parcerias empresa-escola e às chamadas “organizações da sociedade civil de interesse público”(Oscips), utilizadas para desobrigar o Estado de seu dever para com o ensino público. Defendo que 10% do PIB seja destinado exclusivamente para instituições educacionais estatais e gratuitas. Não quero que nenhum centavo seja dirigido para organizações que se autodenominam amigas ou parceiras da escola, mas que encaram estas apenas como uma oportunidade de marketing ou, simplesmente, de negócios e desoneração fiscal.
Por essa razão, não posso aceitar esse Prêmio. Aceitá-lo significaria renunciar a tudo por que tenho lutado desde 2001, quando ingressei em uma Universidade pública, que era gradativamente privatizada, muito embora somente dez anos depois, por força da internet, a minha voz tenha sido ouvida, ecoando a voz de milhões de trabalhadores e estudantes do Brasil inteiro que hoje compartilham comigo suas angústias históricas. Prefiro, então, recusá-lo e ficar com meus ideais, ao lado de meus companheiros e longe dos empresários da educação.

Saudações,

Professora Amanda Gurgel”.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Blog do Foureaux: Nada a dizer…

Blog do Foureaux: Nada a dizer…: "O PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO (autoria atribuída a Jô Soares) O material escolar mais barato que existe na praça é o PROFESSOR! É ..."

domingo, 22 de maio de 2011

Profª. Amanda Gurgel: divulgação

Reflexão inicial: pulga atrás da orelha da educação

Texto simples o de hoje.
Se pesquisar nos sites de busca, você encontrará uma definição, digamos assim, diferente para o meu aposto acima. Mas aqui, a "pulga atrás da orelha" há de tomar sentidos outros, amplos, vastos, inúmeros!
Vamos falar de educação:
Pessoal, ando preocupada (muito preocupada!) com essa tarefa professoral. Aff, aja energia! Dia desses ouvir a comparação ao grupo de esquerda, a qual, aliás, já foi muitas vezes por mim citada. O problema é que agora discordo; e os motivos me parecem óbvios! Pensei no Drummond, acreditando ser gauche na vida, mas ando descobrindo que essa marginalidade não mais nos cabe, diante das atuais circunstâncias...
Não podemos assumir, sequer, o papel de "companheiros", de fato, tampouco o de solitários. Estamos, constantemente, entre "a cruz e a espada", e somos obrigados a considerar - por livre espontânea pressão - a faca de dois legumes, ou melhor, de dois gumes, né?
Não há amparo nessa reflexão, a não ser a minha própria (in)experiência errante... credo! Não consigo nem citar Bial, porque me traz à tona a porcaria do BBB e me frustra, nesse jogo de "antes e depois": Bial sábio, Bial merchandising...
Mas... voltando... Se pudéssemos assumir o lado marginal dos fatos, seria bom, porque, assim, pelo menos assumiríamos alguma coisa. Mas há quem diga que somos do núcleo [para não dizer "da direita" :) ]. O problema para mim parece muito maior: ocorre que não somos nada disso, enquanto classe trabalhadora. Simplesmente porque não dá para ser!
Um amicolega, outrora, disse que eu deveria ser "uma pessoa mais política", por questão de sobrevivência mesmo. Mas ele era político demais, então, fiquei preocupada e deixei o conselho numa caixinha. Agora há pouco, um outro (um pouco mais estudado), citou alguns filósofos para me provar que todo ser social é político. Ainda não estou satisfeita... talvez devesse ler/estudar mais sobre o assunto. Todavia não é isso que eu quero. Então, estou nisso a pensar, já que a reflexão ainda é o meu melhor remédio (e, sem falsa modéstia, acredito ser o melhor para todo mundo, sempre!), que vou tomando, em doses homeopáticas! rs.
O fato que pula como pulga reside na contradição local que a educação vem tomando. Hoje, além de TUDO DE SEMPRE, nosso espaço está muito complexo. E, por favor, não me venha dizer que isso é simples, porque não vou acreditar em você, está bem? Ah, e os demais estudiosos que me perdoem a desgarrada, mas deu vontade de usar e a Decat já escreveu um bocado sobre o assunto, então, acho que ela não vai querer MAIS este exemplo. Então escrevo.
Exemplo: acorda tu bem cedo, vais enfrentar o dia-a-dia... ai, ai... agora é que entra a filosofia - muito mais do que "ser ou não ser", você decide no que pensa: "vou trabalhar porque faz bem; simplesmente porque é bom; preciso pagar as coisas que compro; sou adulta, tenho de honrar meus compromissos; nossa, hoje vou falar de um assunto bem interessante; ah, certamente, vou voltar bem melhor do que estou indo, espero aprender um bocado hoje; tenho aquelas questões para resolver; vamos lá, né, quem mandou não nascer filha de magnata?; puxa, o que que eu estou fazendo comigo?", entre outras coisas...
No meio disso tudo, você se encontra... será? Será que se encontra mesmo? Saber de onde vem, porque veio e para onde vai é eterno - estaremos sempre descobrindo... Mas daí saber e sentir o porquê de agora é muito importante, senão essencial, não só para a sobrevivência, mas também, para ser, pura e simplesmente HUMANO!